domingo, 24 de outubro de 2010

Chove forte no sertão nordestino depois de mais de três meses de estiagem

Na madrugada de sábado (23/10) choveu forte no interior do CE, acumulando mais de 100 mm em algumas localidades, como em Cariri, onde o volume foi de 132 mm em 24 horas. Nessa localidade havia mais de três meses que não chovia e esta situação foi provocada devido a presença de uma área de convergência de umidade em baixos níveis e da atuação de um cavado em nível médio.

Fonte: INPE

sábado, 23 de outubro de 2010

Empreendedorismo no Sertão

19.10.2010

Artesanato movimenta R$ 30 milhões na Paraíba, diz IBGE

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a Paraíba produz artesanato com mais de 17 tipos de materiais. Os artigos em renda, como roupas e objetos de decoração, são destaque. No Estado, a técnica é utilizada em 35 municípios, o segundo maior número do País.

A Paraíba ainda aparece em 4º lugar no artesanato com barro, presente em 81 municípios, e em 9º nos trabalhos com bordado, desenvolvidos em 168 cidades. Apesar da importância econômica destas atividades, ainda não se sabe precisamente quantos paraibanos vivem do artesanato. Mas informações do Governo Estadual mostram que só os artesãos formais geram uma renda anual de pelo menos R$ 30.844.800,00.
O Programa do Artesanato Paraibano, que garante benefícios como a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a emissão de notas fiscais, possui 5.040 artesãos registrados em 125 municípios. Estes artesãos ganham em média um salário mínimo R$ 510, segundo a coordenadora do Programa, Marielza Araújo. Mas estes rendimentos podem superar R$ 1 mil no caso de atividades como a produção de renda renascença, segundo a rendeira Maria José Jorge, de João Pessoa.
No entanto, o impacto econômico do artesanato na Paraíba ainda é desconhecido, de acordo com Marielza Araújo. Ela diz que é difícil calcular o número total de artesãos existentes no Estado, já que muitos deixam de se cadastrar nos projetos governamentais por medo de perder benefícios como aposentadoria e Bolsa Família. "Esse caso da aposentadoria é comum no setor rural, já que o aposentado da agricultura familiar não pode ter outra profissão. Eles ficam com medo que alguém denuncie e acham que vão perder o benefício", comentou coordenadora.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Agroecologia no Sertão

COOPERAÇÃO AGRÍCOLA (18/10/2010)

Assentados trocam experiências no sertão

18/10/2010 Clique para Ampliar
Agricultores de Quixadá, Quixeramobim e Ibaretama viram as experiências do Assentamento Boa Vista
FOTOS: ALEX PIMENTEL
Oficina de conhecimento estimula práticas de sustentabilidade rural ecologicamente corretas

Quixadá. Os quintais produtivos são viáveis? Quais as alternativas adequadas para a época de estiagem? Como extrair o sustento da terra sem agredir o meio ambiente? Dezenas de trabalhadores rurais de municípios da região Centro do Ceará se reuniram no Assentamento Boa Vista, comunidade rural situada a pouco mais de 15km do Centro de Quixadá, em busca de respostas para esses questionamentos e ainda avaliar e discutir as experiências desenvolvidas naquela localidade, dentre as quais, o manejo da Caatinga, hortas orgânicas e o turismo de base comunitária.

No total, 45 agricultores e agricultoras de vários assentamentos de reforma agrária de Quixeramobim, Quixadá e Ibaretama participaram da oficina, "Saberes e fazeres em agroecologia". O intercambio foi promovido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em parceria com a Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceará (Acace), Núcleo de Iniciativas Comunitárias (NIC) da Fundação Konrad Adenauer e escritórios regionais do Projeto Dom Helder Câmera e Sebrae, em Quixeramobim.

De acordo com os organizadores, a atividade faz parte de um processo educativo cujo objetivo é refletir sobre a importância da agroecologia no contexto de políticas públicas para a sustentabilidade sócio-ambiental, assim como socializar e difundir saberes e práticas já em desenvolvimento na agricultura familiar. A esse respeito o representante da Acace, Edmilson Santos, ressaltou a vontade dos participantes seguirem os exemplos expostos na comunidade visitada. "É visível que necessitamos produzir uma alimentação de qualidade para todos, mas que não depende só de um ou dois e sim de muitos", completou Santos.

Segundo a coordenadora do Núcleo Ambiental do Ibama, Águeda Garcia Coelho, o assentamento Boa Vista foi escolhido por realizar várias experiências em práticas agroecológicas. Os moradores dão outro sentido à sustentabilidade, passando pela organização, conservação do meio ambiente, trabalho e renda, associados à segurança alimentar, saúde e qualidade de vida. Na prática, estão demonstrando a viabilidade da agricultura familiar, imprescindível para a garantia do território.

O pesquisador João Vianei, de Quixeramobim, apresentou o Sistema Agro Florestal com cumaru - árvore com sementes de uso medicinal - consorciando espécies nativas da Caatinga com as culturas de milho, feijão etc. O sistema contribui para o reflorestamento, a produção de alimentos e a utilização em fitoterápicos a partir do conhecimento tradicional da população do campo. "Atualmente, esses produtos ganham destaque no meio científico no combate a problemas respiratórios e na indústria de cosméticos e perfumaria", disse Águeda.

A coordenadora considera essas experiências relevantes para o meio ambiente e para saúde humana. Proporcionam produção limpa de alimentos, proteção dos mananciais hídricos, sem contaminação por agrotóxicos, preservação da biodiversidade da Caatinga, geração de biofertilizantes e redução de desmatamento. Somados aos impactos positivos para o meio ambiente, ela ressalta melhoria das condições de vida, conseguindo agregar valor a sua produção.

Fortalecimento

"Para fortalecer a agricultura familiar é fundamental a execução articulada das políticas públicas"

Águeda Maria Garcia Coelho
Coord. Estadual do Núc. Amb. do Ibama

MAIS INFORMAÇÕES 

Núcleo Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama)
Estado do Ceará
(85) 3272.1600

ALEX PIMENTEL
COLABORADOR

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Conferência da ONU discute alternativas para reduzir perda de biodiversidade

18/10/2010 - 09h20 / Atualizada 18/10/2010 - 10h30

Homem está acabando com a vida na Terra, alerta diretor da ONU

Na abertura da décima edição da Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP-10), o diretor do programa para meio ambiente das Nações Unidas (ONU), Achim Steiner, foi enfático ao afirmar que o homem está acabando com a vida na Terra.
"Este é o único planeta no universo em que sabemos que existe vida como a nossa e estamos destruindo as bases que a sustentam", alertou.

O encontro começou nesta segunda-feira em Nagoya, no Japão, e termina no dia 29 de outubro. Durante estas próximas duas semanas, representantes de 193 países vão avaliar as metas de preservação ambiental assumidas para este ano e definir quais serão os próximos objetivos até 2020.

O tom pessimista pôde ser observado ainda nos discursos de outras autoridades e especialistas da área ambiental, que chegaram a afirmar que o mundo está caminhando para uma fase de extinção na mesma proporção do período em que os dinossauros desapareceram da Terra.

Para eles, a destruição da natureza tem afetado diretamente a sociedade e a economia. A ONU estima que a perda da biodiversidade custa ao mundo entre US$ 2 trilhões (R$ 3,2 trilhões) e US$ 5 trilhões (R$ 8 trilhões) por ano, principalmente nas partes mais pobres.

"(O monge budista) Teitaro Suzuki disse que 'o problema da natureza é um problema da vida humana'. Hoje, infelizmente, a vida humana é um problema para a natureza", disse o ministro do Meio Ambiente do Japão, Ryo Matsumoto.

"Temos de ter coragem de olhar nos olhos das nossas crianças e admitir que nós falhamos, individualmente e coletivamente, no cumprimento das metas prometidas no encontro de Johanesburgo (em 2002)", completou o ministro.

Matsumoto lembrou ainda que a perda da biodiversidade pode chegar a um ponto irreversível se não for freada a tempo.

"Toda a vida na Terra existe graças aos benefícios da biodiversidade, na forma de terra fértil e água e ar limpos. Mas estamos agora próximos de perder o controle se não fizemos grandes esforços para conservar a biodiversidade", disse.

Sinais de esperança

Jane Smart, chefe do programa de espécies da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), disse que, apesar do problema ser grande e complexo, existem alguns sinais de esperança.

"A boa notícia é que quando nós promovemos a conservação, ela realmente funciona; gradativamente estamos descobrindo o que fazer, e quando nós fazemos, as coisas dão muito certo", disse a pesquisadora à BBC News.

"Precisamos fazer muito mais para conservar, como proteger áreas, particularmente o mar. Temos de salvar vastas áreas do oceano e os cardumes de peixes. Isso não significa que devemos parar de comer peixes, mas comer de uma forma sustentável", afirmou Jane.

O Brasil também participa do encontro e vai pressionar os países ricos para obter recursos em torno de US$ 1 bilhão (R$ 1,6 bilhão) por ano para a preservação ambiental, além de exigir metas globais mais específicas contra a perda da biodiversidade.

Outro ponto defendido pela comissão brasileira é a cobrança de royalties pelo uso de recursos vegetais e animais. A ideia é que empresas que utilizam matérias-primas provenientes de nações em desenvolvimento repassem uma parte do dinheiro às comunidades locais.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) - COP10

18/10/2010 13:34:09

Países têm mais uma chance de preservar biodiversidade

Fabiano Ávila,  Instituto CarbonoBrasil/Agências internacionais
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) foi um tratado firmado em 1992 no Rio de janeiro e que traçou uma série de metas com a intenção de conservar a biodiversidade e promover a distribuição justa e igualitária de seus recursos.

Praticamente nenhuma das 193 nações que assinaram o documento conseguiu cumprir os objetivos traçados.
Novas metas internacionais foram então firmadas em 2002 na África do Sul, com 2010 como o ano final para alcançar seus objetivos. Novamente nenhum país respeitou por completo o acordo o que resultou em outro fracasso.
“Devemos ter a coragem de olhar nos olhos de nossas crianças e admitir que falhamos, individualmente e coletivamente, para cumprir as promessas de reduzir as perdas da biodiversidade. ‘Os problemas da natureza sempre afetaram a vida humana. Hoje, infelizmente, a vida humana é o problema da natureza’ “, alertou Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da CDB, citando uma frase do famoso autor japonês Daisetsu Teitaro Suzuki.
O principal objetivo da COP 10 de Nagoya que começou nesta segunda-feira (18) será chegar a um consenso sobre o novo plano estratégico para a próxima década (2011-2020).
Este plano deve estabelecer metas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade além de traçar políticas de longo prazo para 2050.
Os delegados terão ainda que buscar finalizar um protocolo de acesso e distribuição de benefícios (Access and Benefit-sharing - ABS) dos recursos genéticos do planeta.
A COP 10 também será marcada pela divulgação do relatório The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) em sua versão integral, que irá mostrar que o impacto da perda de biodiversidade anualmente é da ordem de US$ 2 trilhões a até US$ 4,5 trilhões.
“Nós estamos destruindo as próprias fundações da vida neste planeta e mesmo assim a sociedade tem dificuldade de entender o que fazemos nessas reuniões e porque as decisões aqui realmente importam”, afirmou Achim Steiner, diretor-executivo do Programa da ONU para o Meio Ambiente.
Momento sem volta
Em maio a ONU publicou a terceira edição do o Global Biodiversity Outlook (GBO), que analisou mais de 110 estudos e diversos indicadores e mostrou, por exemplo, que a abundância de vertebrados, como mamíferos, pássaros e peixes, caiu um terço entre 1970 e 2006. O relatório também deixou claro como essas perdas e a degradação das florestas, corais, rios e outros ecossistemas já estão tendo impacto na vida das pessoas.
A ONG WWF reforçou essa mensagem na semana passada publicando o relatório “Living Planet Report”. O documento é uma das maiores auditorias já realizadas sobre a situação de quase oito mil populações de mais de 3500 espécies diferentes.
Ele contém descrições de como o atual padrão de consumo já resultou na perda de quase 60% da biodiversidade nos países mais pobres nos últimos 40 anos.
O WWF alerta que se os atuais padrões de crescimento e consumo persistirem serão necessários dois planetas Terra para suprir a demanda anual de toda a população mundial em 20 anos.
A Agência de Análise Ambiental dos Países Baixos (Netherlands Environmental Assessment Agency - PBL) também contribuiu para o debate trazendo para Nagoya o estudo “Rethinking Global Biodiversity Strategies”.
Nele, a agência mostra como o crescimento da população e do consumo irá criar uma pressão tão grande sobre os ecossistemas que as atuais políticas de proteção do meio ambiente através de reservas de conservação serão ineficientes para reduzir as perdas da biodiversidade. Por isso, tão importante que criar áreas de preservação é pensar em políticas que alterem a postura e os hábitos da população.
“Toda a vida na Terra existe graças aos benefícios da biodiversidade, como solo fértil, água potável e ar limpo. Nós agora estamos perto de um ponto crucial, se passarmos, as perdas da biodiversidade serão irreversíveis”, resumiu Ryo Matsumoto, ministro do Meio Ambiente japonês.
Para mostrar que ainda é possível reverter a situação crítica da biodiversidade, o Global Canopy Programme publicou na sexta-feira (15) o “The Litle Biodiversity Finance Book”, que apresenta análises sobre as opções de políticas e novas fontes de financiamento para auxiliar no cumprimento da meta de zerar a perda global de espécies.
Esse livro deixa claro que ainda podemos fazer muita coisa pela biodiversidade e que o tal momento sem volta pode sim ser evitado com esforços conjuntos dos diferentes fóruns de discussão.
(Instituto Carbono Brasil)

domingo, 17 de outubro de 2010

Dia Internacional de Combate à Pobreza - 17 de outubro

Reproduzo abaixo um trecho sobre o pobres do excelente livro "Império" de Michel Hardt e Antonio Negri, recomendado pelo querido Prof. Roberto Bartholo, da UFRJ.


OS POBRES 

Em todos e em cada um dos períodos históricos, um sujeito social que está sempre presente em toda parte é identificado, em geral negativamente, mas apesar disso urgentemente, em torno de uma forma de vida comum. Esta forma não é a dos poderosos e dos ricos: eles são apenas figuras parciais e localizadas, quantitate signatae. O úniconome comumnão localizável de pura diferença em todas as áreas é o dos pobres. O pobre é indigente, excluído, reprimido, explorado – e ainda assim está vivo! É denominador comum da vida, o fundamento da multidão. É estranho, mas esclarecedor, que autores pós-modernistas raramente adotem essa figura em suas teorias. É estranho porque pobre é, em certo sentido, uma eterna figura pós-moderna: a figura de um sujeito transversal, onipresente, diferente e móvel; um atestado do irreprimível caráter aleatório da existência.

Esse nome comum, o pobre, é também fundamento de toda possibilidade da humanidade. Como mostrou Nicolau Maquiavel, na “volta às origens”, que caracteriza a fase revolucionária das religiões e ideologias da modernidade, o pobre é quase sempre visto como dono de uma capacidade profética: o pobre não apenas está no mundo como ele é, em si mesmo, a própria possibilidade do mundo. o pobre vive radicalmente o ser efetivo e presente, na indigência e no sofrimento, e por isso ele tem a habilidade de renovar o ser. A divindade da multidão de pobres não aponta para nenhuma transcendência. Ao contrário, aqui, e aqui neste mundo, na existência do pobre, o campo da imanência é apresentado, confirmado, consolidado e aberto. O pobre é deus na terra.

Hoje não existe sequer a ilusão de um Deus transcendente. O pobre dissolveu essa imagem e recuperou seu poder. Há muito tempo a modernidade foi inaugurada com o riso de Rabelais, com a supremacia realista da barriga do pobre, com uma poética que expressa tudo que existe na humanidade indigente “da cintura para baixo”. Mais tarde, por processos de acumulação primitiva, o proletariado surgiu como um sujeito coletivo que poderia expressar-se na materialidade e na imanência, uma multidão de pobres que não profetizou, mas produziu, e que com isso abriu possibilidades não virtuais, mas concretas. Finalmente hoje, nos regimes bipolíticos de produção e nos processos de pós-modernização, o pobre é uma figura subjugada e explorada, mas apesar disso uma figura de produção. É que está a novidade. Em toda parte, na base do conceito e do nome comum do pobre, existe uma relação de produção. Por que os pós-modernistas são incapazes de ler essas passagem? Eles nos dizem que um regime de relações lingüísticas transversais de produção entrou no universo unificado e abstrato de valor. Mas quem é o sujeito que produz “transversalmente”, queum significado criativo à linguagemquem senão os pobres, que são subjugados e ávidos, empobrecidos e poderosos, sempre mais poderosos? Aqui, deste reino de produção global, o pobre não se distingue apenas por sua capacidade profética mas também por sua presença indispensável na produção da riqueza comum, sempre mais explorado e sempre estreitamente indexado aos salários do mando. O pobre é, em si mesmo, o poder. Existe uma Pobreza Mundial, mas existe acima de tudo uma Possibilidade Mundial, e o pobre é capaz disso.

Vogelfrei, “livre como um pássaro”. É o termo que Marx usava para descrever o proletariado, que no começo da modernidade, nos processos de acumulação primitiva foi libertado duas vezes (...)

(...) mais uma vez na pós-modernidade surge à luz ofuscante do dia a multidão, o nome comum do pobre. Ela surge plenamente ao ar livre porque na pós-modernidade o subjugado absorveu o explorado. Em outras palavras, o pobre, cada pessoa pobre, a multidão de pessoas pobres, comeu e digeriu a multidão de proletários. por esse fato os pobres se tornaram produtivos. Mesmo o corpo prostituído, a pessoa indigente, a fome da multidão – todas as formas do pobre se tornaram produtivas. E os pobres tornaram-se, portanto, cada vez mais importantes: a vida do pobre cobre o planeta e o envolve com seu desejo de criatividade e liberdade. O pobre é a condição de toda a produção.

Hardt, Michael e Negri, Antonio. Império. Trad. Berilo Vargas. 2ª. Ed. Rio de janeiro: Record, 2001. pp. 174-176.

Governo assina acordo com cooperativas para projetos de MDL

Da Redação - 17/10/10 - 20:08
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) assinaram, nesta sexta-feira (15/10), um acordo para incentivar projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) em cooperativas.
O MDL é um mecanismo de compensação financeira incluído no Protocolo de Quioto que permite o comércio de créditos de carbono gerados em projetos que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. Os projetos de MDL são validados por regras da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos governos, no caso brasileiro, por meio da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.
Com o acordo, as cooperativas terão acesso à capacitação técnica para elaboração dos projetos, transferência de tecnologia e apoio na busca por financiamento. De acordo com o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, existem projetos piloto em andamento e cooperativas habilitadas para receber apoio técnico e começar a lucrar no comércio de crédito de carbono.
“Temos exemplos de projetos de MDL em cooperativas com a coleta e o tratamento de dejetos de suínos, que emitem muito CO2 [dióxido de carbono] e outros que trabalham com a reposição de Mata Atlântica”.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que o estímulo a projetos de mitigação nas cooperativas vai fortalecer o papel da pequena agricultura na tarefa assumida pelo Brasil na reunião da ONU sobre mudanças climáticas de reduzir entre 36,1% a 38,9% as emissões nacionais de CO2 até 2020.
“Há uma exigência mundial hoje. E o Brasil tem compromissos muito claros de redução das emissões de gases de efeito estufa”. Com informações da Agência Brasil.  

Gestão de Águas no Ceará

Açudes reservam apenas 62% do volume total

16/10/2010 Clique para Ampliar
Neste ano, na grande maioria dos açudes não houve renovação hídrica. Apenas 5 reservatórios transbordaram

Iguatu. O nível médio de acúmulo de água nos açudes das 11 bacias hidrográficas do Ceará é de 62,6%. Nos pequenos reservatórios, os recursos hídricos são suficientes até o término da estiagem, de acordo com estimativa da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). No comparativo de maio com outubro, todas as bacias hidrográficas apresentam queda. Mesmo assim, a Cogerh avalia a situação como boa e acredita que a reserva hídrica permite enfrentar mais três anos de inverno abaixo da média. No entanto, já na estiagem deste segundo semestre, as comunidades da zona rural reclamam da dificuldade de abastecimento, ainda mais com a Operação Pipa limitada.

Neste ano, na ampla maioria dos reservatórios, não houve recarga de água e apenas cinco transbordaram. Diferente do ano passado, quando 117 açudes sangraram, de um total de 133 monitorados pela Cogerh. Em 2009, o acúmulo médio de água nos reservatórios foi de 96%. A realidade atual é consequência da estiagem que, mais uma vez, castiga o sertão cearense e se arrasta desde março passado.

A preocupação dos técnicos é com os pequenos sistemas. Se não houver recarga de água até abril do próximo ano, os pequenos reservatórios que formam a maioria das bacias hidrográficas do Ceará vão enfrentar sérios problemas. "De um modo geral, a situação é boa", disse o assessor da presidência da Cogerh, Yuri Castro de Oliveira. "Os grandes açudes, Castanhão, Orós, Banabuiú e Araras, têm água acumulada para mais três anos sem problema".

A região do Alto Jaguaribe é a que apresenta melhor índice de armazenamento com 71,4%. As bacias do Baixo Jaguaribe e do Litoral acumulam, respectivamente, os menores índices, 43,3% e 46,5%. Nos municípios do Interior, nas áreas isoladas da zona rural, é crescente a demanda por água.

A estimativa realizada pela Cogerh prevista no início de agosto passado prevalece, com um pequeno decréscimo. O órgão acredita que até o fim dezembro, os 133 reservatórios das 11 bacias hidrográficas espalhadas pelo Estado terão 55,5% de água, em média. Hoje, acumulam 11,16 bilhões de metros cúbicos.

A Bacia do Salgado, localizada na região do Cariri, onde historicamente ocorre maior precipitação de água no período chuvoso, acumula 54,9% de volume médio de água em 14 reservatórios monitorados pela Cogerh. Esperava-se um armazenamento maior, tendo em vista que, em 2009, houve chuva acima da média na região.

Menor volume

A maior preocupação é com o Açude Quixabinha, em Mauriti, que está apenas com 17,5% do volume máximo. Já o Açude Prazeres, em Barro, tem 71%. O Açude Olho D´Água, em Várzea Alegre, responsável pelo abastecimento da cidade, armazena 58%. O reservatório Lima Campos, em Icó, um dos mais antigos do Ceará, tem o índice que chega a 55,9%.

A situação mais confortável ocorre na Bacia do Alto Jaguaribe, com 71,4% de volume médio acumulado. É nesta região que está localizado o açude Orós, o segundo maior do Ceará, com 76% de sua capacidade, que é de quase 2 bilhões de metros cúbicos de água. Por outro lado, o Açude Faé, em Quixelô, tem apenas 13%. Esse reservatório é responsável pelo reforço do abastecimento da cidade, que enfrenta dificuldades de distribuição de água para a população. O açude mais antigo do Ceará, o Cedro, localizado em Quixadá, construído na época do Império, acumula um baixo volume: 27%. O reservatório integra a Bacia do Banabuiú, que está com volume médio armazenado de 62,6%. Já a barragem de Quixeramobim tem 88% de seu volume total.

Otimismo

"Os grandes açudes, Castanhão, Orós, Banabuiú e Araras, têm água acumulada para mais três anos "

Yuri Castro de Oliveira
Assessor da presidência da Cogerh

MAIS INFORMAÇÕES 

Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh)
Escritório em Fortaleza (CE)
(85) 3218.7027

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Cariri sofre com a estiagem e com os incêndios na Chapada

CARIRI (16/10/2010)

Famílias sofrem com falta de água

16/10/2010 Clique para Ampliar
Longas filas nos chafarizes nesta época do ano, e sem a tão esperada "chuva do caju", agora são frequentes nas comunidades da Serra do Araripe, região sul do Ceará
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
Nem a tradicional "chuva do caju" veio, este ano, amenizar a estiagem vivida por famílias do Cariri

Crato. Com o prolongamento da estiagem, sem nenhum sinal de chuva, agrava-se a situação no interior. Este ano, não ocorreu nem a "chuva do caju" que, tradicionalmente, é registrada no mês de outubro, época da floração da planta. A cada dia, a água se torna mais escassa. Os barreiros da Chapada do Araripe estão secando. A população está andando quilômetros à procura de água para beber e fazer o alimento.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, Antonio Gama, adverte que as comunidades rurais estão sofrendo com a falta d´água. Ele lamenta a exclusão dos municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha no programa de carros-pipas. Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários, ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos. A seca, além de ser um problema climático, é uma situação que gera dificuldades sociais para as pessoas que habitam a região. Com a falta de água, torna-se difícil o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais, analisa o presidente do sindicato. Desta forma, a seca provoca a falta de recursos econômicos, gerando fome e miséria no sertão. O sindicalista esclarece que, na verdade, não se morre mais de fome como antigamente. No entanto, "é preciso defender uma vida digna para o trabalhador rural para que ele não seja obrigado a se deslocar do campo para a cidade", complementou.

A seca, segundo os sindicalistas, deve ser analisada dentro de um contexto mais amplo, com a apresentação de soluções para resolver a má distribuição de água e as dificuldades de seu aproveitamento. "É necessário desmitificar a seca como elemento desestabilizador da economia e da vida social nordestina e como fonte de elevadas despesas para a União".

As soluções implicam a adoção de uma política oficial para a região, que respeite a realidade em que vive o nordestino, dando-lhe condições de acesso à terra e ao trabalho. "Não pode ser esquecida a questão do gerenciamento das diretrizes adotadas, diante da diversidade de órgãos que lidam com o assunto", complementa Gama.

Ecologia

A questão da seca não se resume à falta de água. No momento, um dos problemas mais graves gerados pela seca, segundo Zilcélio Ferreira, são os incêndios que estão sendo registrados na região. O fogo destrói as árvores, reduz a fertilidade do solo e a resistência das árvores ao ataque de pragas. Causa danos ambientais, redução da biodiversidade, alterações dos biótipos, facilitação dos processos erosivos e redução da proteção dos olhos d´água e nascentes. Ao fazer esta advertência, o sindicalista chama a atenção para as nascentes que jorram do pé da Serra do Araripe que, segundo afirma, está diminuindo a sua vazão, em consequência dos frequentes incêndios.

É com esta visão, sem ameaças de saques, que as lideranças rurais pretendem conviver com a seca. Esse quadro precisa ser revertido para que as famílias passem a ter uma nova forma de relacionar-se com a natureza que passa por um novo enfoque: utilizar bem os recursos naturais e assegurar as produções indispensáveis à segurança alimentar e ao desenvolvimento socioeconômico da região.

Os sindicalistas sugerem propostas para convivência com o semiárido: cisternas de placas, barragens subterrâneas e sucessivas, cultivos de produtos agroecológicos, criação de pequenos animais, utilização de energia solar e plantio de algodão orgânico. "Esse conjunto de propostas tecnológicas, aplicadas em uma metodologia de construção de conhecimento, tem mudado a vida de várias famílias nas regiões que trabalhamos", diz a nota do Sindicato de Trabalhadores Rurais.

Dignidade

"É preciso defender vida digna para o trabalhador rural, para ele não ser obrigado a fugir do campo"

Antônio Gama
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato

MAIS INFORMAÇÕES

Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato
Rua Pedro II, 62 - Centro
(88) 3523.1623

ANTÔNIO VICELMO
REPÓRTER